ESTATUTO DO CENTRO DE ILUMINAÇÃO
CRISTÃ LUZ UNIVERSAL RIO BRANCO
Acre
capítulo IX
Moral e profilaxia
Art. 19 ° - capitulando pela moral e saúde da agremiação, a todos é vedado, na forma da alínea b e art. 8° da constituição e decreto-lei 159 e art. 281 do código penal e afins, o uso ou tráfico de inebriantes, refutando-se:
a) a morfina,
b) a heroína,
c) a cocaína,
d) a maconha,
e) a marijuana,
f) a cachaça,
g) o lsd e outros também de efeito deletério incompatível com a dignidade humana, os quais obscurecem a consciência e os sentimentos nobres, levando à perversão e ao fatalismo suas vítimas, na ânsia inopitável de alegrias fortuitas e degradações.
§ único - requintar-se na insensatez da libação, e tripudiar as finalidades da alma, é mergulhar o ego em panacéia de ilusões e atos que aviltam a integridade moral e comprometem a saúde e a personalidade, levando suas vítimas ao escravismo vicioso e ao fim contristador expresso em 1cor 6:10 e afins, cujos viciados não entrarão no reino dos céus.
Deixou sua terra natal aos 15 anos de idade, passando
por muitos lugares até chegar ao Acre, Também trabalhou como funcionário na
Comissão de Limites na delimitação da fronteira do Acre com a Bolívia e o Peru.
E foi nesta época que conheceu a ayahuasca, bebida ingerida em rituais
indígenas deixada pelos incas e usada por grande parte da população cabocla da
região Amazônica.
Foi na cidade de Cobija, na Bolívia, que conheceu os
irmãos Antônio Costa e André Costa que, por coincidência, eram seus
conterrâneos. Estes lhe falaram pela primeira vez da bebida, que haviam
conhecido por intermédio de um caboclo peruano de nome D. Crescêncio Pisango,
também conhecido por Huascar.
Huascar era um antigo rei inca que passava seus
conhecimentos para Pisango. Convidaram então o Mestre para participar de um
ritual com ayahuasca.
De primeiro o Mestre não aceitou, mas depois pensou e
disse: "Eu vou. Se for uma coisa boa vou levar pro meu Brasil, pois de
coisa ruim o meu Brasil já está cheio". Da primeira e segunda vez que
tomou a bebida nada sentiu, só na terceira é que chegaram as
"mirações". Estava sentado numa roda de 12 pessoas quando D. Pisango
se aproximou e "entrou" na cuia grande onde era servida a ayahuasca,
sendo percebido apenas pelo Mestre. O caboclo pediu que ele convidasse o grupo
a olhar dentro da cuia e que dissessem o que estavam vendo. Responderam que
viam apenas a bebida. Então o caboclo Pisango explicou ao Mestre Irineu que só
ele tinha condições de trabalhar com aquela bebida e que ninguém mais conseguia
ver o que ele via com a ayahuasca.
Numa outra noite voltaram a tomar a infusão. Desta vez
só os dois, Antônio, que estava no quarto, e o Mestre na sala da casa onde
realizavam a sessão. Foi quando Antônio chamou pelo Mestre, que olhava
encantado para a lua, e disse:
- Raimundo, aqui tem uma senhora chamada Clara que
quer falar com você.
- Por que ela não fala contigo mesmo?
- Não sei não, mas diz ter te acompanhado desde o
Maranhão. Ela tem uma laranja na cabeça para lhe entregar. Fala que vai te
procurar na próxima sessão.
E assim foi. O Mestre numa ansiedade danada aguardava
por aquele dia. Era uma quarta-feira duma noite linda de luar. O Mestre se
deitou na rede de modo a apreciar a lua e, pouco a pouco, a "força"
da ayahuasca foi chegando, intensificando as mirações e, neste momento, é que
viu a lua se aproximando pra bem pertinho dele. (Esta miração, mais tarde veio
inspirá-lo a receber, do astral seu primeiro hino, "Lua Branca"). A
Senhora sentada ao centro da lua com uma águia na cabeça em ponto de voar lhe
disse:
- Pra mim é uma Deusa.
- Tu tens coragem de me chamar de Satanás?
- Ave Maria, minha Senhora, de jeito nenhum.
- Você está pensando que sou uma princesa, mas não, eu
sou a Rainha Universal.
- Tu achas que o que tu estás vendo agora alguém já
viu?
- Acho que sim minha senhora (o Mestre julgava que
outros tantos que já haviam bebido a ayahuasca também já podiam ter tido aquela
visão).
- Tu estás enganado. O que vês agora, ninguém jamais
viu, só tu. Eu vou te entregar este mundo para tu governar, mas isso não é
agora, primeiro tens que te preparar. Agora que tu já é homem, tu vais
trabalhar e vais ficar com teu cabresto assim bem curtinho. Vais ter uma
preparação para ver se tu tens merecer verdadeiramente. Tu vais passar oito
dias comendo só macaxeira (mandioca) cozida e insossa, com água e mais nada,
nem ver e nem ouvir mulher alguma.
O Mestre, no dia seguinte, se retirou para a mata com
o propósito de cumprir as ordens da Rainha. Conta-se que no quarto dia ele foi
tentado com várias visões com intenção de lhe amedrontar. Os paus na sua frente
criavam vida, parecia que estavam todos rindo dele, caboclinhos surgiam de
todos os lados, fazendo contato com os animais que chegavam bem próximo. Com
sua espingarda dava tiros para o alto, pois os estampidos o confortavam naquela
situação. (Até hoje, nos trabalhos feitos na Doutrina do Santo Daime, se usa
soltar foguetes durante a sessão espiritual para que seja lembrada aquela
passagem da vida do Mestre Irineu).
Outro fato interessante que se conta é que, certo dia,
Antonio Costa, estava em casa preparando a mandioca insossa do amigo quando
pensou em botar um pouquinho de sal, mas imediatamente mudou de idéia e quando,
mais tarde, o Mestre voltou das matas disse ao companheiro que viu que o outro
ia colocando sal na macaxeira mas resolveu não por. Antônio se espantou com o
amigo:
- Mas rapaz, como é que tu fez pra saber? Então já sei
que tu tá aprendendo.
No oitavo dia de iniciação nas matas, a Rainha voltou
a aparecer para o Mestre e lhe entregou a laranja como símbolo do globo
universal. Ele pediu que o fizesse um curador e ela respondeu:
- Já está feito e tudo está em tuas mãos.
Também o advertiu de que teria muito trabalho com
aquela missão e que nada poderia tirar em proveito próprio. (Assim como hoje o
Daime não pode ser comercializado, pois desta forma estaríamos em desobediência
com as ordens da Rainha).
Na verdade, logo o Mestre entendeu que aquela senhora
era a Virgem Mãe Santíssima, a Virgem da Conceição, e que tudo aquilo que ele
havia ouvido e visto não eram suficientes para ele ser. Ele havia recebido sim
aquela missão e a partir daí ele tinha que dar prova e se fazer ser.
Durante alguns anos, nosso Mestre percorreu caminhos
espirituais difíceis entre a dúvida e a certeza, a verdade e a mentira, pois
quem anda nesta estrada sabe que uma linha muito fina separa estes princípios,
o que é certo do que é errado. Mas a Virgem Soberana continuou a aparecer
muitas outras vezes para o Mestre lhe dando força, conforto e fé, e numa destas
aparições foi revelado ao Mestre o nome da bebida.
O verbo "dar" originou a palavra
"Daime". Em alguns hinos da Doutrina se encontram as expressões
"dai-me amor", "dai-me fé", "dai-me cura", pois
quem toma Daime deve estar pronto a receber as dádivas vindas de Deus, contidas
nesta bebida sagrada.
Também recebeu da Virgem o título de Chefe Império
Juramidam e os fundamentos do ritual do Santo Daime. A Mãe Divina o instruiu a
cantar hinos que iria receber do Céu, que seriam o testamento de sua missão e
estariam reunidos em um hinário ao qual ele chamou "O Cruzeiro". Mas
o Mestre era um homem muito simples e humilde e não se achava capaz de cantar.
Até o dia em que a Rainha da Floresta lhe disse:
- Olha, vou te dar uns hinos e tu vais deixar de
assobiar pra aprender a cantar.
- Ah! Faça isso não minha Senhora, que eu não canto
nada.
- Mas eu ensino! Afirmou ela.
E como o Mestre sempre contemplava a lua, Ela falou:
- Agora você vai cantar.
- Mas como? Insistiu.
- Abra a boca, não estou mandando?
O Mestre obedeceu e deslanchou a cantar "Lua
Branca", seu primeiro hino, onde também recordaria a já citada miração.
Na década de 20, o Mestre e os irmãos Costa fundaram
um centro chamado Círculo de Regeneração e Fé (CRF), na cidade de Brasiléia, no
Acre. Reuniram-se naquele lugar algumas pessoas que, apesar de poucas, chegaram
a fundar uma associação.
Mas para desgosto do Mestre, alguns desentendimentos
com Antônio Costa e outros integrantes o fizeram tomar a decisão de ir embora,
deixando aquele centro. Mudou-se para Sena Madureira e depois para Rio Branco,
onde ingressou na Guarda Territorial (sendo aí que conheceu Germano Guilherme,
amigo que o acompanhou por muitos anos). Manteve-se nesta corporação, onde
chegou a cabo, até o começo dos anos 30, quando pediu baixa.
Mais tarde, como tinha feito muitos conhecidos, doaram
a ele uma colônia na Vila Ivonete, bairro rural próximo a Rio Branco. Foi
quando o Mestre deu início aos trabalhos públicos com o Daime, fazendo no dia
26 de maio de 1930, seu primeiro trabalho. Eram só três pessoas: o Mestre, Zé
das Neves e outro que não se sabe o nome. Zé das Neves conta que trabalhou com
ele 41 anos e 41 dias.
Em sua casa, que também servira de sede dos trabalhos
espirituais, logo reuniu um pequeno grupo. Nele estavam Germano, Maria Marques,
João Pereira, Daniel Pereira e Zé das Neves. Pouco mais tarde também se juntou
a esse grupo Antonio Gomes. Todos estes são expoentes de nossa Doutrina.
Neste tempo nosso Mestre foi perseguido, chegando
mesmo a ser chamado na delegacia, porém nunca sendo preso. Resolveu então
adentrar um pouco mais na floresta e foi nesta época que recebeu uma doação por
parte do ex-governador Guiomar Santos, que lhe arranjou uma colocação chamada
Espalhado, com uma colônia, a Custódio de Freitas. Neste lugar fundou o Centro
de Iluminação Cristã Luz Universal (CICLU), a igreja sede e levantou também um
cruzeiro de 5m de altura todo em cimento armado.
No Alto Santo abrigou mais de quarenta famílias, que
trabalhavam em sistema de mutirão, muito comum no Acre. Viviam do que
plantavam, conseguindo assim sustentar sua comunidade.
Mestre Irineu era homem de grande carisma. Com sua
calma e paciência atraía inúmeras pessoas a sua volta, que vinham atrás do
curador, já popular em Rio Branco. Encontravam um patriarca de grande
coração, pronto a servir aqueles que precisassem.
Ele mesmo se auto-denominava
"árvore-sombra".
Com o tempo foi se tornando uma pessoa muito
respeitada na região. Resolvia casos difíceis com amor e firmeza, pois a
disciplina sempre foi uma bandeira muito importante dentro da Doutrina do Santo
Daime.
O Mestre se tornou um grande conselheiro para aquele
povo que o seguia e lhe pedia a benção
muito interessante a historia do M. Irineu
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